– Entrevista NECESSÁRIA: Ator – Alan Pellegrino.

 

 O Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança

 

Apresenta:

 

 

 

O Blog/Site iniciou a temporada de Retrospectivas e INÉDITAS das inúmeras homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema, técnicos:

Operários das Artes.

Projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, inserido nesse Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança, no começo da pandemia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O projeto – “Entrevistas NECESSÁRIAS” – recebe e oportuniza no palco do Blog/Site mais um obrador no ofício das artes.

Dentre seus trabalhos destacam-se “Hotel Brasil” (2017), que cumpriu temporada no Teatro Galileo em Madrid; “Volta Seca” (2018), sua primeira dramaturgia escrita e posteriormente publicada pela editora Giostri, e atualmente “Nave Mãe” (2021) – seu segundo solo autoral, contemplado pelo edital de retomada da Lei Aldir Blanc.

Desde (2016) é integrante da Companhia Dragão Voador onde realizou diversos espetáculos.

Estudou e participou do grupo Tá na Rua, sob direção de Amir Haddad.

Iremos saber um pouco da carreira arística desse moço de talento e carisma evidenciados.

 

O ator, produtor e dramaturgo:

ALAN PELLEGRINO.

 ALAN PELLEGRINO

LEIAM A CRÍTICA TEATRAL ACESSANDO O BLOG/SITE:

www.espetaculonecessario.com.br

Dramaturgia e Direção: SIDNEI CRUZ.

 

  

Alan Pellegrino e Gisela De Castro em:

“POUCO AMOR NÃO É AMOR” de NELSON RODRIGUES.

Dramaturgia e Direção: SIDNEI CRUZ.

 

 

 

 

ENTRANDO NA RETROSPECTIVA DA

 ENTREVISTA NECESSÁRIA COM:

ALAN PELLEGRINO.

 

 

 

 

 

 

 

 

Francis FACHETTI – Nos conte o que achar necessário da sua experiência na teledramaturgia integrando trabalhos como: “Gabriela”; “Segundo Sol” e “Sob Presão” – com um lugar de fala contundente e diferenciado em alguns aspectos, dando potência à nossa curiosidade.

 

Alan Pellegrino – Em Gabriela eles procuravam atores baianos para compor os papéis, fui chamado para fazer um teste.

 

Eu sou admirador profundo da obra de Jorge Amado.

Gabriela fala da emancipação da mulher nos anos 20 e carrega todo um contexto político de uma sociedade dominada pelo coronelismo.

O personagem que me coube foi o Serapião, e tive a sorte de reproduzir a cena final clássica em que ele sai gritando pela cidade que o coronel Ramiro Bastos morreu.

A direção de Mauro Mendonça Filho nos propõe uma liberdade cênica potencial para o jogo de criação. O elenco em questão eram os atores que sempre admirei; Antônio Fagundes, Laura Cardoso, Tarcísio Meira, Nelson Xavier, José Wilker – estar em cena com esses atores foi uma experiência única.

Essa releitura foi feita por Walcyr Carrasco que é um autor que consegue trazer uma atmosfera teatral para os seus personagens dentro da teledramaturgia de maneira única e original. Foi uma experiência ímpar de aprendizado que até hoje me alimenta.

NOVELA “GABRIELA”.

NOVELA “GABRIELA”.

NOVELA “GABRIELA”.

 

 

O Segundo Sol também se passava na Bahia, mas a obra tinha a liberdade da ficção.

João Emanuel Carneiro pode se dizer que é um dos grandes autores nesse sentido criativo e foi um trabalho que me exigiu muito, porque em paralelo às gravações da novela eu estava em cartaz com meu solo Volta Seca que exigia bastante vigor físico e disciplina.

Nela eu dei vida ao Evandro, que trabalhava para uma família onde o patriarca branco, mantinha sob sigilo um filho negro, fruto de seu relacionamento com sua empregada. Uma discussão social infelizmente atual nos dias de hoje.

NOVELA “SEGUNDO SOL”.

 

Sob Pressão expressa de forma genuína o que de melhor os nossos profissionais da saúde fazem,  para manter um sistema sucateado e descredibilizado pelo governo.

Dentro disso, dilemas sociais e conflitos familiares nos fazem refletir sobre nossa realidade.

O episódio que participei, meu personagem, o Fábio, desistia de doar um rim para a própria filha – isso porque a menina era fruto de uma relação fulgaz que ele havia tido com a mulher do seu melhor amigo.

A direção desse episódio foi feita pela Mini Kert que trouxe um olhar muito sensível para a situação em questão.

“SOB PRESSÃO”.

 

 

 

 

 

Francis FACHETTI – Quais os enredos e como foi participar dos longas-metragens: “Medida Provisória” e “As Almas que Dançam no Escuro”. Conte-nos tudo.

 

Alan Pellegrino – “Medida Provisória” é uma distopia que reflete sobre questões raciais. É inspirado na peça Namíbia Não, de Aldri Anunciação.

No filme o governo brasileiro decreta uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar suas origens.

Eu faço uma participação nesse filme. Um índio que na verdade é um ator contratado para fazer uma publicidade e pedir para que os indígenas migrem para outros territórios. Na época que foi filmado nem estávamos nesse ponto em que estamos hoje.

O filme é dirigido por Lázaro Ramos, que eu tenho grande admiração como artista. Ele tem ótima escuta como diretor e um cuidado especial com o elenco no set.

Foi a última cena desse dia e terminamos rindo muito porque era uma situação bem inusitada.

Personagem: “ÍNDIO” – no Longa-Metragem:

“MEDIDA PROVISÓRIA”.

Direção: LÁZARO RAMOS.

 

 

 

 

 

 

 “As almas que dançam no escuro” foi uma grande surpresa. Entrei no projeto aos 45 do segundo tempo e fui abraçado por todos que já estavam lá.

É um filme de suspense policial com momentos de horror.

A direção é do Marcos de Britto que tem um trabalho mais voltado para o terror.

No Almas um pai enlutado busca pistas para desvendar o assassinato de sua filha. Essa menina é sobrinha do Padre Sérgio, meu personagem, que apóia esse cunhado nessa busca incessante.

Foi um trabalho bem desafiador, sobretudo pelo tempo que tive e que me trouxe grande aprendizado.

Personagem: “PADRE SÉRGIO” – No Longa-Metragem:

“AS ALMAS QUE DANÇAM NO ESCURO”.

Direção: MARCOS DE BRITTO.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francis FACHETTI – Enredando-se e defrontando-se, faça uma análise e nos deixe transparente suas três facetas em seu ofício:

Alan Pelegrino ator, o produtor e o dramaturgo. Universos díspares, tornando-se necessários. Ilustre sua narrativa citando um trabalho que desejar de cada um deles.

 

Alan Pellegrino – Só ser ator e esperar um convite é muito difícil. Então se você quiser muito fazer teatro, você rapidamente entende que o melhor caminho é produzir.

Após algumas realizações, você começa a ver que aparece pequenos convites e você entende que essa oportunidade foi construida por você.

A escrita, no meu caso veio do desejo de dividir um pensamento. Gosto de pensar que toda vez que escrevo faço perguntas que não necessariamente serão respondidas por mim, por exemplo. Eu faço para dividir com você, com o público e espero respostas que muitas vezes eu realmente não tenho.

Em “Volta Seca” pergunto: como podemos combater a violência? Eu até hoje não tenho a exata resposta para isso.

Em “Nave Mãe” a pergunta é: se existisse  um antídoto, uma vacina que pudesse nos ajudar, como se chamaria?

Depois que passei a escrever me tornei um ator melhor. Passei a ter mais atenção quando recebo um texto de outro autor. Entender de que maneira posso refletir melhor dentro do que o texto pede. Escrever te deixa mais íntimo das palavras, da construção dramática de uma cena que por vezes só o ator, pode passar despercebido.

Acho que atuar, escrever e produzir também te possibilita independência artística. Por vezes, você escolhe um projeto simplesmente por necessidade ou para se manter ativo, mas, não necessariamente é o que você deseja estar fazendo.

Quando você está atuando em um projeto que escreveu e produziu, tem a certeza de que é aquilo que quer fazer.

Como Ator e Dramaturgo de “NAVE MÃE”.

 

 

 

 

 

 “VOLTA SECA”.

 

 

 

 

 

Francis FACHETTI – Quem é Amir Haddad para Alan Pellegrino pessoa e o ator? Nos apresente o Grupo Tá Na Rua.

Fale sobre os espetáculos: “Shekespeare e os Orixás” e “Geografia popular do Rio de Janeiro”. Desnude para nós o processo de trabalho dessas duas cenas teatrais e desse diretor.

 

Alan Pellegrino – O Amir é o que mais próximo temos de um teatro genuíno.

Quando vemos o Amir e o Tá na Rua na praça é possível que estejamos vendo o que de mais próximo pudesse existir no teatro de Shakespeare ou Molière.

Existe uma grande necessidade em colocar esses autores como clássicos. Mas na realidade todos eles eram populares.

O Tá na Rua pensa teatro dessa forma. Em “Shakespeare e os Orixás” que é um texto da Érika Castello Branco inspirado em “A Tempestade” de Shakespeare, construímos uma peça tão popular que os moradores de rua da lapa se sentiam convidados a entrar e participar. Para eles esse tal de Shakespeare era o Amir,  sentado em sua cadeira narrando os acontecimentos.

Espetáculo: “SHAKESPEARE E OS ORIXÁS”.

Direção: AMIR HADDAD.

 

Em “Geografia Popular do Rio de Janeiro” trabalhamos os arquétipos brasileiros e todos os fatos aconteciam em uma estação de metrô do Rio de Janeiro. Em uma das cenas que acontecia na estação do Estácio, era reconstruído o embate entre o militar português Estácio de Sá e os Franceses na Baía de Guanabara.

O desfecho dessa tentativa de invasão era Estácio de Sá sendo atingindo por uma flechada indígena que o levava a morte.

Espetáculo: “GEOGRAFIA POPULAR DO RIO DE JANEIRO”.

Direção: AMIR HADDAD.

 

 

 

 

 

Em uma cena clássica de teatro, produzir uma cena como essa só seria feita com uma estrutura no mínimo grandiosa, mas, no teatro do Tá na Rua isso pode acontecer no meio da praça, com os atores em fila como em uma estação de metrô, com um cabo de vassoura que representa uma flecha e 2 atores disponíveis.

Descrevo o Tá na Rua com uma frase do próprio Amir que sintetiza bem o modo de pensar do grupo – teatro sem arquitetura, dramaturgia sem literatura, ator sem papel.

 

 

 

 

Francis FACHETTI  – Torne conhecido, falando e expondo o trabalho do Grupo Dragão Voador com sua presença na Cia.

Nos relate essa temporada no Teatro Galileo em Madrid, com o espetáculo “Hotel Brasil”.

 

Alan Pellegrino – O dragão é a minha casa hoje, o lugar onde posso pensar teatro, trocar conhecimento e exercitar quase que semanalmente.

É importante para um ator ter um lugar.

Eu sempre quis fazer parte da cena teatral carioca. Nunca tinha trabalho com view point nem com ações físicas. Quem me apresentou esse mundo foi o Joelson Gusson que hoje é meu parceiro artístico.

Eu fui fazer um curso e ao final acabamos montando uma peça chamada “Hotel Brasil”.

Nesse  curso fizemos primeiramente um trabalho final chamado: Enquanto o Mundo Acaba, com outros atores que participaram. Esse trabalho era fragmentado e cada núcleo tinha uma cena em  um dos espaços do Teatro Sérgio Porto. Esse trabalho só foi possível por conta do projeto “Entre” que ocupava o Sérgio Porto e foi a primeira vez que pude escrever para teatro.

Ao final dele eu e as atrizes da cena na qual eu participava resolvemos continuar nossa pesquisa.

Eram eu, Luiza Friese e Elisa Barbato. Essa pesquisa resultou no “Hotel Brasil” – minha primeira colaboração em um texto, juntamente com Luísa, Elisa e Joelson.

Esse trabalho estreou no Sesc Copacabana e foi visto pelo Embaixador do Brasil em Madrid. Pouco depois fomos convidados para apresentar no Teatro Galileo.

É um teatro belíssimo com uma plateia enorme, numa rua repleta de teatros.

O teatro tem uma acústica incrível e uma equipe de profissionais super competente. Tivemos lotação máxima em todas as nossas apresentações e uma experiência memorável.

 “HOTEL BRASIL” – em Madri.

Direção: Joelson Gusson

 

 

 

 

 

 

 

 

 Espetáculo: “HOTEL BRASIL”.

“HOTEL BRASIL”.

 

“HOTEL BRASIL” – Direção: Joelson Gusson.

 

 

 

 

Após o Hotel Basil, o Joelson Gusson me convidou para fazer parte do Dragão Voador – desde então estamos trabalhando initerruptamente.

CIA DRAGÃO VOADOR – na Biblioteca parque da Rocinha, após apresentação do espetáculo – “VOLTA SECA”.

 

 

 

 

Francis FACHETTI  – Sua primeira dramaturgia foi hercúlea, uma surpresa linda para o cenário teatral – “Volta Seca”. Esmiúce como foi essa escrita, que com certeza, teve que ser envolta e destrinchada em muita pesquisa, e foi publicada pela Editora Giostri. Falando no monólogo “Volta Seca” – como você mesmo disse – eu fui quem fez a primeira crítica teatral da sua carreira, por coincidência, no dia do seu aniversário – coincidência?

Foi uma crítica muito positiva.

Como foi o processo como ator nesse necessário trabalho que nos arrebatou também pela sua simplicidade teatral, porém, significativa.

Fechando com chave de diamante, fale sobre “Nave Mãe” e seu desenredar, seu processo criativo dentro dessa pandemia que nos acomete.

 

 

Alan Pellegrino – Para escrever Volta Seca, fui fazer uma oficina de dramaturgia com o Pedro Brício.

Essa construção levou cerca de 3 meses. Ao final tínhamos que ler uma cena, ou um esquete ou até mesmo um texto. A primeira leitura que fiz foi na Casa Quintal.

 

Lembro de sentir que havia curiosidade e surpresa do público e que havia algo de bom acontecendo. Logo depois, comecei a ensaiar em casa sozinho, enquanto Joelson finalizava uma peça que ele estava dirigindo.

Após isso, entramos na sala do Sérgio Porto, a mesma sala em que estreou Volta Seca. Tivemos um ou dois meses de ensaio.

Cena do Espetáculo: “VOLTA SECA”.

Atuação e Dramaturgia: Alan Pellegrino.

Direção: Joelson Gusson

 

 

 

 

Lembro que no meu primeiro dia de ensaio, ao final, o Joelson me disse: Está ótimo, mas parece que você está fazendo isso na praça para 3 mil pessoas. E eu realmente estava.

Na minha cabeça eu ainda estava com a praça, a rua, os movimentos largos, o corpo, a voz.

Depois foi aquele resultado belíssimo que proporcionou encontros incríveis, e também a minha primeira crítica que saiu no dia do meu aniversário feita por Francis Fachetti:

www.espetaculonecessario.com.br

“VOLTA SECA”.

“VOLTA SECA”.

Cena do Espetáculo: “VOLTA SECA”.

 Equipe do Espetáculo: “VOLTA SECA”.

 

 

 

 

 

“Nave Mãe” já foi um processo completamente diferente. Volta Seca tinha um norte, um personagem no qual a linha dramática seguia.

 

Nave Mãe começa do zero. Do desejo de falar sobre minha Mãe, investigar minhas raizes e inevitavelmente falar sobre o momento atual de uberização e pandemia.

Espetáculo: “NAVE MÃE”.

 

 

 

Eu precisei criar uma ficção que pudesse traçar uma linha dramática e assim ter uma estrutura para essa dramaturgia. Além disso tinha  o fato de eu ter que falar de mim na primeira pessoa e que no teatro é sempre difícil, já que não estamos fazendo análise.

“NAVE MÃE”.

“NAVE MÃE”.

 

Essa peça embora tenha um personagem é uma história sendo narrada – fala muito mais do meu íntimo, e portanto muito mais difícil. Além disso, em Nave Mãe o jogo cênico se dá apenas no corpo, narração, e mudança de personagens, ou seja, no ator sem qualquer recurso, a não ser a luz. 

Posso dizer que exigiu mais disciplina nesse sentido.

Que bom que tocou muitas pessoas que se identificaram com o tema e as perguntas.

Esse trabalho foi feito dentro do Tá na Rua e me trouxe boas recordações. Fizemos de maneira híbrida por conta da pandemia.

“NAVE MÃE”.

 

 

Simplesmente:

ALAN PELLEGRINO

 

 

 

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